Circulam conversas que o reitor cogita sair candidato a prefeito de São João del Rei pelo PT, e já está mesmo dando mostras de autoritarismo, pois não suporta a existência de uma minoria discordante no Conselho Universitário. Já em 2010 ele pressionou os Centros Acadêmicos a indicarem representantes dóceis para o Conselho, ameaçando cortar verbas já combinadas e ao não ser obedecido pelos Centros Acadêmicos ele realmente cortou as verbas, dando mais uma prova de que não diferencia muito bem recursos públicos de particulares. Em 2011 ele se aliou a um pré-candidato a vereador, do mesmo partido que até 2004 controlava o DCE, e propuseram eleições diretas para os representantes estudantis no Conselho Universitário.
Contudo, apesar de levantarem uma bandeira tão óbvia e de tão grande aceitação, os inimigos do poder dos Centros Acadêmicos temem o debate, e não estão aceitando que Assembléias de estudantes, uma em cada campus, já marcadas, decidam se os representantes estudantis continuarão indicados pelos Centros Acadêmicos ou se passarão a ser eleitos em eleições mafiosas. Em reunião do Conselho Universitário de 18 de Abril, o reitor utilizou regime de urgência para votar, em uma sala fechada, um novo estatuto da UFSJ em que não são os Centros Acadêmicos que escolhem os representantes no Conselho Universitário, sem esperar as assembléias dos estudantes, e quando estes ocuparam a sala de reuniões e impediram a votação, ele, em um ato de desespero, decidiu que o projeto havia sido votado e aprovado, sem nem saber quem votava a favor ou contra (até agora alguns conselheiros não sabem em que votaram).
Quem perde com essa reforma do estatuto da UFSJ?
De 1999 a 2004 o DCE UFSJ foi controlado por um partido político, no caso, pelo PT. Neste período foi usado para eleger um deputado federal em 2002 e um vereador em 2000, que depois veio a se tornar vice-prefeito de São João del Rei numa aliança com o PSDB (2004).
Os estudantes não ganharam nada. Os panfletos do DCE deste período traziam sempre um destes políticos em sua capa.
Desde 2004, o DCE é dirigido pelos Centros e Diretórios Acadêmicos por meio do Conselho das entidades de base. Desde então, tem tido estudantes de variados partidos neste conselho (tanto de direita quanto de esquerda), além de uma grande maioria de estudantes que não tem partido.
De 2004 pra cá, o DCE UFSJ obteve diversas conquistas, como por exemplo: carteirinha estudantil gratuita para todos (2005); redução dos preços da cantina (2005); Redução do preço do “xerox” de R$ 0,09 para R$ 0,07 (2007); recursos para financiar alimentação de estudantes carentes, garantidos por uma ocupação da reitoria (2008); garantia de mínimas condições no campus de Divinópolis, apoiando a greve dos estudantes deste campus (2008); influência na não aprovação do campus Piumhi, que se tratava da “salvação” de uma faculdade privada (de propriedade do mais rico empresário deste município) que não oferecia mínimas condições de ensino (2010).
Estes são exemplos que mostram um movimento feito por estudantes e para estudantes. No entanto, isso não agrada a todos. Lembra daqueles políticos que foram eleitos graças ao DCE? Eles querem o controle da entidade de volta. Como? Defendendo a volta das eleições diretas primeiro para o Conselho Universitário, e depois para o DCE, do mesmo jeitinho que funcionava antes de 2004. E porque? Nestas eleições uma diretoria ganha e faz o que bem quiser com o DCE por um ano, que no plano deles é exatamente o ano das eleições municipais, sem controle dos estudantes. Além do mais, o dinheiro é determinante nestas eleições, diferente do que ocorre hoje nas eleições para CA’s e DA’s. Assim, fica fácil para um partido ganhar a entidade. Pergunte a uma amiga ou amigo de outra Universidade como funciona o DCE de lá e verão como as entidades são dominadas por um ou partido X ou Y.
As eleições diretas permitem que centenas de DCEs e milhares de sindicatos sejam parasitados no Brasil. É chegada a hora de denunciar e enxotar os parasitas.
Um comentário:
Muito esclarecedor e bem montado o texto. Valeu!
Raphael - 7º período de História.
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