domingo, 24 de abril de 2011

GOLPE NA ENTIDADE DOS OUTROS É REFRESCO! (UMA RESPOSTA A UM ESTUDANTE DA UFSJ)

André Luan Nunes Macedo- representante discente no Conselho Universitário, eleito orgulhosamente pela democracia participativa dos Centros Acadêmicos


Caro Carlos,

Chegou a hora de fazer a defesa de alguns pontos. Nunca quis respondê-lo na internet, porque achei que você encararia o debate público feito no CONSU nas Assembléias agendadas pelo DCE UFSJ. Mas agora um texto urge necessário para dar algumas respostas à comunidade acadêmica através da rede digital.

Primeiro, quero que você vá ao espaço legítimo do DCE para questionar a representatividade do Petterson, pois acredito que você vai ser respeitado no CEB. Peço encarecidamente que você esteja presente. Se você é um estudante e, portanto, membro do DCE, deve obrigatoriamente expressar sua indignação neste espaço legítimo. Certamente vários companheiros vão entender essa questão. Eu seria um deles. Se você quer acabar com o preconceito da homofobia, que para mim é legítimo, inicie o seu abrindo a cabeça para entender qual é o nosso espaço sem preconceitos também. E tenho certeza que muitos não vão tolerar o texto do Petterson, como tem ocorrido numa lista de e-mails aberta para qualquer estudante participar e que já tem mais de 200 assinaturas de representantes de diversos cursos. E vão também questionar algumas relações infelizes colocadas em seu texto. Mas cabe lembrar que o companheiro Petterson sempre defendeu a luta contra a homofobia nos espaços do DCE, como enviou solicitações diversas vezes para defender a participação da entidade na luta do movimento do qual você faz parte. Seja qual for a sua decisão, lembre-se que ele foi um grande apoiador da sua causa. Coloque na balança essa complexidade de fatores anteriores e tome sua decisão. Vá à reunião do DCE, tente queimar essa última gordura com essa entidade que você tanto despreza e diz que é autoritária e veja realmente como os indivíduos se comportarão com o novo fato ocorrido.

Agora cabe fazer algumas ponderações quanto as acusações sem fundamento lógico nos questionamentos que você faz. Vou tratar de responder aquelas nas quais estive presente. Não posso responder em relação ao REUNI e a UMES, porque eram outros C.A's e cheguei depois na universidade. Existem questões que não competem a nós responder porque somos de outra geração. Quanto a prestação de contas, veja com o Daniel Gonzaga que ele te passa todas as informações sobre a prestação atual.

Dado os esclarecimentos, vamos começar: primeiro quanto ao campus de Piumhi-MG. Sabe como fiquei sabendo da possível implementação do campus? Por causa do meu pai! E sou conselheiro universitário! E era para ser aprovado em três semanas! Para mim, o CEB já é um espaço deliberativo legítimo para tirar esse posicionamento,pois se assemelha a uma assembléia (todos os estudantes podem participar) e que a lógica de aprovação desse campus não seguia o tempo da Universidade e não era proveitoso. E vamos a discussão do mérito: para que mais um campus de extensão, sabendo que as bandeiras internas da Sede e dos campi avançado ainda não foram conquistadas, ou seja, prioridades que os estudantes tiraram em plebiscitos (como o que foi realizado em 2007, que foi o motivo da ocupação da reitoria, onde os estudantes se posicionaram a favor do R.U. como prioridade)? Para que realizar uma expansão tão longe da sede? Por uma questão lógica, os CA's foram contra, levaram suas discussões para os seus cursos e assim se posicionaram democraticamente. Ou você seria favorável a aprovação do campus?

Acho que quem deveria assumir o debate público é a administração da universidade e convocar mais discussões, para que assim haja a possibilidade dos estudantes tirarem seu posicionamento ouvindo diversas opiniões a respeito. Por isso os CA's não acharam que deveria haver assembleia. Não porque não quiseram, mas por uma questão de bom senso em relação ao tempo definido. Nisso acho que nós dois concordamos: é necessário movimentar o espaço público da UFSJ (você concorda nisso, eu tento acreditar), que se mantém hipertrofiado por causa de uma lógica de representação que deve ser superada (você discorda disso, porque defendeu a posição dos conselheiros, gerando uma contradição no seu argumento).
Sete Lagoas foi outra questão lógica. Aprovar um campus em duas semanas? Como realizar assembléias de estudantes em duas semanas? Como garantir o quórum e a conscientização em duas semanas? Quem deveria ter puxado um debate público sobre Sete Lagoas e não o fez foi a reitoria, que quis decidir mais uma vez tudo por cima no CONSU e não conseguiu. Depois de um tempo de debate, os estudantes não foram contra a aprovação do campus, mas foram contra aquele tempo e foram contrários a aprovação de algo tão rápido e que se assemelhava ao caos vivido por Divinópolis - campus aberto sem sequer ter portas no banheiro! Você seria favorável a aprovação de um campus em duas semanas? Ou seja, essa notícia que você tem espalhado no CSL é uma inverdade e é antiética, porque assumem o posicionamento da reitoria para se colocarem como "democraticos", em contraposição aos "autoritários xiitas" do DCE.
Sobre as cotas. O DCE fez um debate acalorado sobre a questão em 2009, com um conflito claro nos seus posicionamentos, exigindo os debates publicos com posicionamentos divergentes. Inclusive fomos OS ÚNICOS a colocarem numa mesa de debate do DCE posicionamentos contrários a ideia das cotas, que foi feito no Campus Dom Bosco, no qual eu fui o mediador. Os debates promovidos pela reitoria não eram debates, e sim palestras daqueles que defendiam as cotas, pois não havia ninguem contrário em suas mesas. Deliberamos no CEB, diante das divergências,a necessidade de ter ASSEMBLÉIAS nos espaços deliberativos dos Centros Acadêmicos.No CA de História, por exemplo, eu e o Marcos, antigo conselheiro universitário, defendemos posições contrárias.
Só quem entende a democracia participativa e de base, na qual os estudantes de todos os cursos podem se posicionar no seu espaço de atuação entendem isso, coisa que aqueles que defendm o simples desejo de elegerem chefes jamais entenderão. Essas acusações feitas por você são feias demais. Me senti acusado, nas suas palavras, de ser chamado de homofóbico também. Pois, como você bem diz, "quero um dce livre de homofobia". Eu sou do DCE e não sou homofóbico, portanto, não quero que a entidade que defendo seja acusada tão feiamente disso...
Mais feio ainda tem sido os rumores espalhados nos corredores de que um familiar meu seria candidato à reitoria. É muito interessante ver que o uso da ferramenta da vitimização é utilizada, mas vocês não pensam que também cometem certas irresponsabilidades para criminalizar pessoas que desejam discutir a universidade, tratando-as simplesmente como bonecos manipuláveis e que só “fazem política” em torno de interesses pessoais escusos. Tal ação nos coloca direta ou indiretamente na posição de burro, esquecendo o que já fizemos academicamente e autonomamente na instituição, sem a necessidade de aprovação de familiar ou professor algum. Então, já que a palavra é ética, busque compreendê-la e fazer a autocrítica na sua prática durante esse mês...
Todas essas exclamações são para representar o espanto com que as coisas são feitas na universidade,e com muita celeridade,como você pôde perceber e apoiou a decisão do conselho Universitário! Assembléia exige tempo,e, num mês conturbado que nem esse, conseguimos tirar mais de 2 mil assinaturas a favor do debate com todos os estudantes, garantindo o espaço para vocês e o DCE se posicionarem, que foram desrespeitadas por alguns conselheiros e pelo reitor que você defendeu durante esse mês.
O DCE não tem medo do debate. Veja o que foi a calourada política, por exemplo. Aquele espaço foi uma Assembléia que tirou bandeiras e trabalhou as necessidades básicas dos estudantes. Foi tirado diversos posicionamentos, que contou, em uma de suas mesas, com um representante da Divisão de Assuntos Estudantis, o Juninho, que para mim fez um ótimo trabalho representando a administração e podendo esclarecer o que tem sido feito para a Assistência Estudantil. Uma pena que vocês não estiveram presentes...
Quem defende a democracia na UFSJ é a entidade representativa dos estudantes, que questiona a forma da votação no Conselho Universitário, sem discussões nos departamentos; que já se mostrou indignado com relação às práticas clientelistas, das trocas de favores na instituição; que se mostra disposto, e sem medo algum, a encarar o autoritarismo e a censura da reitoria, que tem enviado ordens para retirar os cartazes daqueles contrários aos seus posicionamentos dos murais da universidade, numa atitude ditatorial; que foi contra a presença de seguranças num espaço público; que foi a favor da ampliação da reunião do Conselho Universitário, para que todas as pessoas pudessem acompanhar o debate, evitando tensionamentos. Todas essas bandeiras, que vocês foram contrários, infelizmente. Desrespeitar os espaços de deliberação do movimento estudantil, sem sequer tentar fazer sua voz ser ouvida, buscando outros agentes para reproduzir suas idéias é muito fácil. Ir discutir semanalmente a pauta dos estudantes é um negócio difícil mesmo. A democracia realmente é demorada. O que disse para um Conselheiro serve também para você: “golpe na entidade dos outros, é refresco!”.

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